Na noite dessa terça-feira (27) o Colégio Madre Bárbara realizou a palestra “Desafios atuais para as famílias de sempre ou desafios de sempre para as famílias atuais?” com o psicanalista, professor Eduardo Saraiva. O evento aberto contou com a presença de aproximadamente 250 participantes entre professores e pais de todos os níveis de ensino. A palestra buscou sensibilizar a comunidade escolar em relação à importância do tema e sua prevenção.
A palestra foi organizada pelo Serviço de Orientação Educacional (SOE) e Serviço Social, com apoio da Associação de Pais e Mestres (APM) que entende que momentos como este, fortalecem a parceria entre a escola e a família. De acordo com as orientadoras educacionais Anice Nunes e Odete Spessatto, além da assistente social Melissa Capra, o Colégio buscou promover aos pais um espaço para reflexões sobre o papel das famílias no processo de desenvolvimento dos filhos, tratando assuntos importantes como tolerância, diversidade e limites.
A Rede Imaculado Coração de Maria (ICM) organiza as práticas pedagógicas, em torno da noção de acolhimento, como atitude primordial no diálogo com as diversidades, pois, a educação que dialoga com o mundo contemporâneo se abre para a diferença.
O palestrante Eduardo Saraiva conversou sobre as mudanças de tempo e que o grande desafio não é o passado e o futuro, mas sim o presente. “Antes os pais questionavam os filhos quando a nota não estava boa. Hoje vão até os professores para perguntar o por quê da nota ruim, em defesa aos filhos. Isso é algo incomum”, destaca. Segundo Saraiva, os pais e mães são educadores de vida, aqueles que transmitem, constroem ou destroem um sujeito. “Os pais são fundamentais para estruturação, para a construção da criança. São um alicerce simbólico, espiritual, material, psicológico e educadores genuínos”, conta o professor.
Quando questiona se é possível educar sem autoridade, o professor salienta que a palavra costuma soar estranho para alguns. Antigamente na vigência da tradição era o tempo das certezas. “Sabíamos que era assim que se fazia e pronto. Hoje os tempos contemporâneos são de incertezas, de dúvidas. Estamos presenciando mudanças, mas nosso maior desafio é o equilíbrio entre as certezas e incertezas, afinal não adestramos, educamos as crianças”, destaca.
Para Eduardo a facilidade dos acessos e a praticidade fazem com que a criança e o jovem acreditem que se aquilo foi disponibilizado é possível fazer. “Muitas vezes se enfrentam crises na adolescência. Existe o acesso, os amigos, as redes, mas quando olham para si e para dentro não encontram o que precisam”, conta.
Eduardo acredita que ao tratar do assunto bullying seja primordial desenvolver bons sentimentos, agir naturalmente com respeito e descobrir novas atitudes. “Precisamos trabalhar a violência escolar. Quanto mais nos aproximamos, mais identificamos a falta de empatia e se ele está machucando o outro, precisamos entender porque continua fazendo”, afirma o palestrante, que acredita que o parâmetro dos bons sentimentos, precisa ser trabalhado, pautado com ética na relação entre adulto e criança.
O professor acredita que o efeito do bullying faz com que alguém se coloque na posição de dominar e humilhar o outro sem o mínimo de constrangimento ou culpa e muitas vezes sem consciência dos atos ou compreensão da dor do próximo. “Precisamos trazer a possibilidade da amizade verdadeira para a sala de aula, que tenha respeito e gratidão”, diz.
O Programa Bullying
Desde o ano de 2016 o Programa “Bullying: A prevenção começa pelo conhecimento”, realizou diversas situações abordando o tema, como rodas de conversa, palestras, performances, dinâmicas em sala de aula, capacitações, visando um ambiente escolar saudável, seguro e acolhedor, reforçando os valores humanos, o respeito, a diversidade e a afetividade.
Uma das ações foi a performance apresentada para todos os alunos do Ensino Fundamental e Médio encenada pelos alunos do Grupo Teatral Touche do CMB.
O palestrante
Eduardo Saraiva possui graduação em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Atualmente faz pós-doutorado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolve atividades como professor adjunto na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) no departamento de psicologia e também como sócio-proprietário e clínico do Núcleo de Assessoria e Consultoria em Educação e Saúde (NACES). Tem experiência na área de psicologia, com ênfase em psicanalise e antropologia, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero e sexualidade, diversidade sexual, conjugalidade e educação.
