Rossandro Klinjey faz uma reflexão para ajudar professores a encontrarem a felicidade

SINEPE/RS

O desenvolvimento das competências internas é a chave para que as pessoas sejam felizes e possam crescer e se aprimorar a cada dia. Na palestra “Numa era de incertezas, o mais importante é ser feliz”, o doutor em psicanálise Rossandro Klinjey faz uma reflexão coletiva com os congressistas e apresenta situações práticas do dia a dia para mostrar como é possível gerenciar melhor nossos sentimentos.

Certos padrões determinados pela sociedade foi o primeiro exemplo de situação que convence as pessoas de que elas são “inferiores”. “Criam-se circunstâncias para saber que só seremos felizes daquela forma. Muitos de nós fizemos a escolha de não sermos feliz, ao nos compararmos a esses padrões.” As fotos editadas nas redes sociais são outro exemplo. Podem nos fazer olhar com inveja, que é desejar que a pessoa não tenha”, explica Klinjey, ou com cobiça, que é desejar ter o mesmo. “Momento fantástico é a gente procurar o que nos faz feliz, que pode ser algo muito simples.”

A mesma situação ocorre quando vemos o sucesso das pessoas e nos comparamos. “Ninguém faz tudo; temos muitos pontos cegos. Pessoas burras se ofuscam. Pessoas inteligentes ficam, agradecem e aprendem. Estamos no mundo para aprender, crescer”.

O psicanalista fala do costume das pessoas de fazer recortes do mundo, acreditando que tudo está piorando, quando não é verdade. “A história mostra que toda a geração encontra uma forma de vencer e, pela contribuição da geração que está indo, melhora, se aprimora. A gente aprende, se educa, criamos novas formas de construir. Somos a prova viva que o ser humano é viável”. Um dos segredos é termos a capacidade de selecionar aquilo que vale a pena.

Mais um segredo da felicidade para Klinjey: “não terceirize sua felicidade para alguém, nenhum outro ser humano vai lhe fazer feliz. Temos que ser autores do próprio destino”. Muitas vezes, segundo ele, temos um sentimento de menosprezo, que vem de uma ideia falsa de autoestima. “Somos as pessoas possíveis. A mãe que podemos ser, o professor que podemos ser. Não quer dizer que não possamos avançar. Mas só se você tiver gratidão pelo que consegue ser, apesar de tudo. É isso que vai lhe estimular a me aprimorar. Olhar seus defeitos sem se destruir, sem se culpar, menosprezar, mas agir para mudar”.

Outro impasse para a felicidade é o trauma. “A mente humana não diferencia a ficção da realidade e o trauma não diferencia o passado do presente. Ressentimento significa sentir tudo de novo. E não podemos guardar ressentimentos. Isso é mágoa, guardar o `vômito’, encontrando culpados e responsáveis. “Trauma é como eu reajo com o que acontece comigo”. O psicanalista orienta a encararmos o que acontece na vida como algo que simplesmente acontece e a olharmos para o nosso passado sem guardar esse leque [de mágoas].

Klinjey aponta que pesquisas mostram que pessoas que desenvolvem doenças tanto pelos genes que as provocam quando pelos comportamentos que as disparam. “A psicossomática ganha uma nova força. E o comportamento padrão de pessoas que desenvolvem doenças sem ter o gene delas: ressentimento. “Objetivo é entender que o ódio é um veneno que tomo para te matar, mas quem morre sou eu”.

“Tenho que olhar para o passado como um ambiente das experiências da vida, nem sempre agradáveis, e não deixar que o passado destrua meu presente e inviabilize meu futuro. É difícil [para o professor] ser protagonista na sala de aula se não for protagonista da própria vida. É preciso fazer uma escolha”. Perdoar não é esquecer do evento, mas esquecer do afeto; não é concordar com o que fizeram com você; não é eximir o indivíduo da culpa, não é parar de sentir dor. No entanto, manter a dor só vai tirar a sua energia, explica o psicanalista.

Outra situação exemplo: uma festa de bodas de diamante, em que todos os convidados olham a foto de uma família “perfeita e sem dor”, quando, na verdade, a “beleza da foto está na família se manter unida, apesar da dor que certamente passaram”.

Klinjey orienta os congressistas a recuperarem rituais de encontro, de conversa, a trocar 5% do tempo que usam no celular para estarem com as pessoas que amam. “As pessoas descobrem só no dia do velório que o amor estava nas coisas simples. Temos que olhar as pessoas com sentimento de grandeza. Queria que vocês lembrassem das coisas simples da vida, das pessoas que vivem com você, do café, do cafuné, do aconchego, um `venha cá, eu te entendo’, lembrar dos professores que fizeram de você quem você é”.

Muitas vezes, essas pessoas estão dentro da nossa casa, no nosso quarto. O que precisamos fazer é a conexão. “Quando a gente olha para fora, a gente sonha, quando a gente olha para dentro, a gente acorda. Que vocês tenham descoberto hoje que a felicidade não é o lugar onde você vai, é o lugar onde você está”.

Fonte: http://bit.ly/congresso-rossandro-klinjey