Dias difíceis

Autora: Kamille Galimberti Izepon

Turma: 302

Dias difíceis

            Nessa quarentena, muita gente tem feito coisas diferentes do costume, mas eu faço o que sempre fiz, só que com mais intensidade e dedicação, já que tenho tempo. Estou lendo mais livros, cozinhando com mais frequência, me exercitando, dando mais atenção aos meus bichinhos de estimação e descobrindo músicas novas todos os dias.

Há mais de dois meses atrás, pela manhã, estávamos na sala de aula conversando com nossos colegas enquanto o professor tentava explicar a matéria que iria ser cobrada na primeira prova que faríamos no ano. À tarde, uns iam trabalhar e outros iam dormir. Nos finais de semana, eu ia pra casa de amigos para aproveitar os dois dias de sol, muitas risadas e comilança.

Hoje, temos que nos comunicar com os amigos e parentes por chamadas de vídeo, Skype, Meet e outras ferramentas. As coisas mudaram drasticamente. Temos que ir de máscara para todos os lugares, medir a temperatura antes de entrar em mercados e as lojas estão fechadas, atendendo somente via redes sociais. Por um tempo, as lojas reabriram e tudo voltou a funcionar, mas durou pouco, logo tudo fechou novamente.

Ultimamente os dias estão pesados, tristes, não tenho vontade de fazer nada. Ligamos a televisão e só o que vemos é o número de mortes aumentando. Nas redes sociais algumas pessoas postam vídeos e fotos de aglomerações, como se não estivessem nem aí e isso me revolta, porque estão colocando a vida das pessoas que residem com eles em risco.

Enfim, eu só queria minha rotina de volta. Ir para a escola, reclamar da aula que não acaba nunca e ficar de conversa com meus amigos, depois ir trabalhar e no fim do dia voltar pra casa e descansar, com aquela satisfação de dia cumprido. Quando eu dizia que queria que o carnaval emendasse com o natal para não precisar sair de casa, era brincadeira, mas parece que o universo ouviu não somente a mim, como milhares de pessoas que tinham essa vontade.

As coisas estão mudando muito rápido, nossa vida que nunca foi muito certa, nunca esteve tão incerta como agora. Estamos no meio do caos, sem saber o que nos aguarda dia após dia. Então o que precisamos agora é ter empatia, ficar em casa para proteger nossa família e para nos proteger também. Nós ainda vamos ter muito tempo no futuro para curtir com quem amamos, mas isso só depende das nossas ações no presente.

Minha vida em quarentena
Só mais um texto sobre Racismo… (relato pessoal)